Um Inimigo Chamado Clichê

Qual é o maior inimigo de um amante de séries? Os spoilers. Desses falarei noutra altura, para já lanço uma segunda questão: quantas vezes tiveram a sensação de dejá vu num episódio? Se seguem um elevado número de séries e são aficionados da sétima arte, como eu, certamente já conseguem adivinhar o rumo de várias personagens logo no primeiro episódio.

O clichê é, talvez, o número dois da “black list” dos seguidores de séries. São cada vez mais as histórias que sofrem desta “peste” e a mid season trouxe vários títulos que comprovam que o “mal” está para durar.

Secrets&Lies, um dos novos dramas da ABC, é um exemplo berrante de como um conjunto de sinopses já batidas no mundo do cinema e televisão consegue “luz verde” para avançar. O plot é básico: Um homem, a quem muito poucos tinham algo que apontar, é acusado de ter morto uma criança. No decorrer da história acaba por descobrir que Tom era na verdade seu filho. Durante a sua luta para provar a sua inocência acaba por descobrir que a sua esposa o traiu, que nem todos no bairro são o que aparentam ser e que o verdeiro responsável pela morte do rapaz está propositadamente a tentar incrimina-lo. De forma resumida, a trama gira em torno disto sem fugir ou acrescentar muito mais.

Calculo que neste momento já conseguiram imaginar grande parte da trama e até apontar possíveis culpados para o assassinato do pequeno Tom… Mas calma!

O final traz um twist que quase nos faz esquecer os anteriores doze episódios em que nada de surpreendente aconteceu. O excelente desempenho de Juliette Lewis como detetive Cornell, a personagem com maior consistência da história e que consegue captar a atenção do público, é talvez o único motivo que me fez seguir a história até ao final.

Este é, na minha opinião, o maior exemplo de uma série feita por uma “manta de retalhos” de outras histórias, mas não é caso único. Wayward Pines, o novo hit da FOX, consegue juntar no mesmo enredo uma trama capaz de prender qualquer um que seja fã do suspense em simultâneo com vários pormenores óbvios.

cliché

“Um agente parte em busca de dois colegas e acaba por sofrer um acidente de viação. Quando acorda percebe que está preso numa cidade fantasma, onde o tempo não corre de acordo com a realidade e em todos os habitantes são controlados por ‘algo’ que os obriga a não comentar o passado e a atender sempre o telefone”. Ok, a história consegue agarrar-me mas por momentos sinto que estou a assistir a uma adaptação de Matrix, Maze Runner ou Lost. E é neste último que me foco: Um acidente? No inicio? Bem se Matt Dillon, que dá vida ao protagonista, tivesse optado por viajar de avião talvez Wayward Pines (o nome da série e da cidade) fosse na verdade uma ilha fantasma.

Para já fico-me por estes dois exemplos de séries que estão na “quarentena” da falta de originalidade mas deixo o apelo aos roteiristas de Supernatural, Game of Thrones e outras séries de sucesso: por favor tranquem-se em casa antes que o “vírus” vos apanhe!