Um Padre a Cavalo…uma mulher casada e a filha!

Hoje, para variar um pouco, trago nada mais nada menos que um texto que podemos considerar uma história! A importância deve-se sobretudo ao fato de ter sido contado por uma idosa, ainda bem lucida, claro está! Gosta de um pouco de brincadeira … tal como eu! Mas também se não fosse um pouco de brincadeira no dia a dia acho que os dias custavam mais a passar…então há que enfeitar os dias de diversas cores e as horas de diversos temas! Porque de escuro, muitas vezes já é o amanhecer deles!

O tema desta história vem mostrar o que era a educação e as suas etapas de evolução. Os nossos idosos são da época em que certas palavras não poderiam ser ditas, era pecado! Não poderiam ser ditas, era porcaria! Não poderiam ser ditas nem explicadas! Então tentava-se arranjar um sinónimo ou ainda se lhe quisermos chamar…a explicação mais conveniente a cada caso. Assim cresciam e iam aprendendo conforme as circunstancias. Se um “caralho” para muita gente é sinonimo de uma a palavra que define toda a gama de sentimentos humanos e todos os estados de ânimo, para uma mentalidade antiga era algo difícil de explicar ou algo que não queriam revelar! Se um” porra” significa uma certa expressão de raiva ou desespero, e se um” foda-se”, significa indignação, raiva e outros afins…também não é menos verdade que este tipo de linguagem é definido como uma linguagem grosseira! Que nem todos gostamos de usar, pelo menos em sentido malicioso! Sempre ouvimos dizer que o português é muito traiçoeiro…talvez pela quantidade de sinónimos que uma palavra pode ter! No caso destas palavras elas têm realmente um património de significados e um histórico muito diversificado. Mas diversificado ou não, o certo é que os antigos não queriam explicar hehehehe. Então vejamos esta linda história…Santa inocência! (estou a brincar…)
“…Era uma vez: Um padre, uma mulher casada e uma adolescente, filha desta mulher! …o padre e a mulher andavam …a fazer uma” porras”! Sim porque” porras”, “filhas da puta” e “caralhos”…sempre houve!

Como todos sabemos antigamente era habitual irmos á venda… eu ainda sou desse tempo! Ainda me lembro de ir buscar a mercearia, o arroz, o sabão rosa avulso kkk, a marmelada avulso kkkk! Hoje não utilizamos mais esse termo…vamos ao supermercado! Então, a mãe mandou a filha á venda para ir buscar 1 kg de arroz. A filha lá foi…quando chegou lá estavam varias mulheres a conversar e repetiam constantemente a palavra “porra”. A rapariga envergonhada, não sabendo o que significava foi embora antes que fizesse má figura! Chegou a casa, disse á mãe:- Mãe, o que quer dizer uma “porra”? A mãe, com toda a sua experiencia! Responde:-” porra” minha filha é a nossa cadeira! Não te preocupes, vai e já agora trás também 1 Lt de azeite. Novamente pés ao caminho em direcção á dita venda! Novamente aquele bando de mulheres a conversar e a dizer: “Puta que pariu”…”Caralho”…”Foder”!

Incrédula, não sabia o que fazer nem dizer…(santa inocencia hehehe é assim!), foi novamente a casa e voltou a dizer á mãe!- Mãe, eu não entendo nada do que se passa na venda, não sei o quer dizer Puta que pariu! A senhora disse-me porque puta que pariu eu andava fora e dentro e eu estou confusa ! A mãe voltou a dizer-lhe com toda a calma!-Puta que pariu é o cavalo do Senhor Padre! A rapariga cada vez mais confusa perguntou:- e já agora o que quer dizer Carallho e Foder! Então aí a mãe já teve que pensar um bocadinho! Caralho minha filha são as nossas escadas! Foder é conversar!

A filha ficou radiante, já sabia do que aquelas mulheres estavam a falar e assim já podia ir á venda , caso necessário poderia intervir na conversa! Já pronta para sair e enquanto a mãe tinha ido buscar agua á fonte, eis que chega o Sr. Padre. Bom dia menina!- A sua mãe está?

Não está Sr. Padre mas pode sentar-se numa porra ou num caralho enquanto ela não chega! Ela só foi buscar água e não demora! O padre quase desmaiava! Que conversa aquela tão estranha! Responde rapidamente, eu vou dar uma volta e venho já então! –Está bem diz a rapariga!-vá com a puta que pariu, assim vai mais depressa!

A volta foi rapidamente ir ter com a mãe da rapariga hehehe…mal chegou á fonte, diz ele, credo…que se passa com a tua filha! Ela hoje disse cada palavrão! Fiquei admirado!- Não se preocupe Sr. Padre, fui eu que lhe ensinei! Ela ainda é muito inocente não sabe o que quer dizer!

Não devias mas se preferes assim! Vou andando para chegar a tua casa antes de ti então e fazer de conta que estou á tua espera!

Lá foi ele no seu belo cavalo e quando chegou a casa da mulher a rapariga lá estava! Diz ela apressadamente, olhe a minha mãe ainda não chegou Sr. Padre, mas pode descer da puta que pariu, subir pelo caralho acima e sentar-se numa porra…para assim foder um pouco!

Isto estava a ficar perigoso mas eis que entretanto a mãe chega e diz, Sr.Padre desculpe a demora, mas foi inevitável! Agora já podemos conversar um pouco, penso que também já conversou um pouquinho com a minha filha!
Sim sim, respondeu o padre! E lá foram os dois para o quarto. A rapariga…na idade da curiosidade ficou á porta do quarto, para ver se escutava a conversa! Mas nada…Então ela já irritada diz em voz alta: Oh mãe! Foda mais alto que eu quero ouvir!…”

E agora eu pergunto…havia necessidade!
Claro que não! Estas palavras existem no dicionário mas devem ser aplicadas no devido contexto hehehehe…
…Não devemos esconder a verdade…claro que isto se trata de uma história, mas uma história que tem o seu lado muito verídico! Era muito habitual este tipo de explicações…de repente lembro-me que a maioria dos bebes vinham de frança hehehehe…e as meninas traziam pombinha! Ai “Jasus”…cada nome que atribuíam ás coisas! E quando as meninas andavam com a tia maria! E tantas outras que faziam parte do dicionário nesta época!
Assim vos deixo e relembro que a história foi contada por uma idosa e eu em compensação disse-lhe que lhe arranjava uma” porra” para depois lhe ler a cronica!

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Crónica de Aida Fernandes
A última Etapa